Ancine acaba com censura de Bolsonaro a 76 projetos audiovisuais

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Após os sombrios quatro anos de desmonte cultural promovidos pela era Bolsonaro, na qual o cinema brasileiro foi vítima de ataques, cortes de verba e uma crise de representação na Ancine, o setor se vê no início de um processo de reabertura.

Conquista para uma volta de autonomia da Ancine

A conquista se deve a uma reunião realizada na semana passada, entre o presidente da Ancine, Alex Braga, a secretária de Audiovisual, Joelma Gonçalves, e a diretora de conteúdo da EBC, Antonia Pellegrino. Na ocasião, foi decidido que seriam destravadas as amarras que impediam a emissão de certificados de conclusão de 76 projetos audiovisuais. Dentre eles, havia obras de temática LGBTQIAP+, documentários, filmes de ficção e animações, no valor de R$ 67,4 milhões.

Intervenções durante o governo Bolsonaro

A censura aos projetos remonta ao primeiro ano do governo Bolsonaro, quando, durante uma de suas lives mais problemáticas, o ex-presidente criticou um edital para TVs públicas direcionado a séries sobre identidade de gênero, além de outros recortes temáticos. Na transmissão, chegou a anunciar que as obras inscritas iriam “para o saco”.

O edital em questão era uma iniciativa do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro (Prodav), com o objetivo de promover a diversidade e o pluralismo na TV. Em sua lista, abarcava, por exemplo, a série Afronte, de Marcus Azevedo e Bruno Victor, um docudrama sobre a realidade de negros homossexuais no DF. E então, pauta de perseguição ideológica, alguns dos projetos criticados acabaram sendo efetivamente censurados uma semana depois (21/08/2019). O então ministro da Cidadania, Osmar Terra, publicou uma portaria suspendendo o edital de 2018, ação que também prejudicou o financiamento de cerca de outras 70 iniciativas divididas em 12 categorias, tais quais “sociedade e meio ambiente”, “profissão”, “animação infantil” e “qualidade de vida”.

Com o destrave agora promovido pela Ancine, impedindo a existência de filtros que antes direcionavam os recursos aportados pela agência, enfim a EBC poderá exibir esses conteúdos.

 

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